Síndrome dos Olhos Secos

Síndrome dos Olhos Secos


Muito provavelmente, você já deve ter sentido algum tipo de desconforto, como uma sensação de ardor, secura e até mesmo aquela sensação de ter grãos de areia em seus olhos.

Para muitas pessoas, estes são apenas sintomas passageiros que podem estar relacionados a fatores como cansaço, estresse, ou outras causas que não representam maiores ameaças à sua saúde.

Entretanto, sintomas que, à primeira vista, podem parecer inofensivos, podem indicar o início de algo muito mais grave.

Podendo atingir homens e mulheres, principalmente mulheres a partir dos 50 anos, a síndrome dos olhos secos já foi diagnosticada em 337 milhões de indivíduos, podendo afetar, aproximadamente, de 10% a 20% da população mundial.

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Olho com síndrome do olho seco

https://icrcat.com/enfermedades-oculares/conjuntivitis- infecciosa/

Mas será que a síndrome dos olhos secos se resume a um leve desconforto nos olhos?

Síndrome dos Olhos Secos: o que isso significa?

A Síndrome dos olhos secos é uma doença ocular provocada por uma anomalia na qualidade e/ou quantidade de lágrimas produzidas pelo nosso organismo.

Constituída de água, sais minerais, gordura e proteínas, a lágrima ou, mais tecnicamente, o filme lacrimal, nada mais é do que um líquido responsável pela lubrificação, higienização e defesa da superfície de nossos olhos das possíveis agressões de micro-organismos e substâncias estranhas que podem atingi-los ao longo do dia.

Uma produção insuficiente e/ou inadequada de lágrimas, ao diminuir o nível de lubrificação dos olhos, pode vir a promover o ressecamento da superfície da córnea e da conjuntiva, de modo que, se não tratada de maneira adequada, ao tornar nossos olhos mais suscetíveis a lesões e infecções, pode causar problemas permanentes na qualidade de nossa visão

1 Dados disponibilizados durante o 1º Simpósio sobre a Síndrome do Olho Seco, em 2018.

Quais são as causas/fatores de risco da síndrome do olho seco?

Entre as principais causas da síndrome do olho seco, podemos destacar as seguintes:

  • Baixa atividade das glândulas lacrimais: fatores como o envelhecimento (principalmente a partir dos 50 anos), variações hormonais em decorrência de períodos de gestação e menopausa, doenças crônicas, como o diabetes, lúpus e a síndrome de Sjögren, podem afetar a capacidade do nosso organismo de produzir lágrimas em níveis suficientes para manter nossos olhos lubrificados;
  • O uso de medicamentos, tais como antidepressivos, diuréticos, anti-histamínicos, isotretinoína e betabloqueadores, pode facilitar o processo de ressecamento da superfície ocular;
  • Evaporação excessiva do filtro lacrimal: fatores ambientais, tais como a poluição, ambientes refrigerados por ar condicionado, o uso prolongado de celulares e computadores, assim como a ingestão insuficiente de vitamina A e ômega 3, por exemplo, podem provocar uma evaporação acelerada de nosso filme lacrimal, facilitando o processo de ressecamento dos olhos;
  • Efeitos de procedimentos cirúrgicos: embora não seja o esperado, alguns procedimentos cirúrgicos podem vir a provocar lesões na região das glândulas lacrimais, afetando significativamente a produção de lágrimas e o processo de lubrificação da superfície ocular, dando origem à síndrome do olho seco; e

Uso contínuo de lentes de contato, se não tomados os devidos cuidados, pode facilitar o processo de ressecamento da superfície ocular.

Quais são os sintomas do olho seco?

Entre os sintomas mais característicos da síndrome do olho seco, temos:

  • Sensação de grãos de areia, ardência e secura nos olhos;
  • Coceira (comichão); e
  • Aspecto avermelhado na parte branca dos olhos.

Em casos mais graves, além dos sintomas listados acima, o paciente pode vir a apresentar:

  • Sensibilidade à luz (fotofobia);
  • Dificuldade ao abrir e fechar as pálpebras; e
  • Maior nível de produção de muco.

Caso os sintomas não sejam diagnosticados e devidamente tratados, algumas complicações podem vir a se manifestar, principalmente na córnea, tais como formação de vasos anômalos.

(neovascularização), cicatrização com perda de transparência, maior risco de infecção (ceratite), dentre outras.

Como é feito o diagnóstico da síndrome do olho seco?

Pelo fato da síndrome do olho seco apresentar sintomas que podem ser facilmente confundidos com outras doenças, o seu correto diagnóstico, por meio de técnicas que permitam examinar a quantidade e a qualidade da produção de lágrimas do paciente, permitirá que o médico oftalmologista determine a gravidade e as causas da doença, podendo não somente excluir doenças alternativas, tais como alergias e conjuntivite, como também prescrever o melhor tipo de tratamento indicado para o caso concreto do paciente.

Para tanto, em seu consultório, o oftalmologista, além de examinar os sintomas e o histórico médico do paciente, poderá fazer uso de algumas das técnicas descritas abaixo:

  • Coloração com Rosa Bengala ou Lisamina Verde: o uso de tais corantes tem a finalidade de observar o padrão de penetração do corante na superfície ocular, de modo a diagnosticar eventuais lesões presentes na superfície ocular, diagnosticando o olho seco e determinando a sua gravidade.
  • Teste de Schirmer: utilizado com a finalidade de analisar o grau de produção lacrimal dos olhos, no teste de Schirmer, coloca-se uma tira de papel filtro sob as pálpebras inferiores do paciente; e
  • Teste de ruptura do filme lacrimal: por meio de um corante, o médico oftalmologista pode analisar a estabilidade do filme lacrimal sobre a córnea, isto é, por quanto tempo as lágrimas permanecem intactas no globo ocular. De modo geral, caso o paciente não sofra com a síndrome dos olhos secos, espera-se que o filme lacrimal dure 10 segundos ou mais; e
  • Meibografia: exame de imagem que permite avaliar o perfil de produção lipídica que auxilia a lágrima na lubrificação ocular.

Existe cura para olho seco?

Não, não existe cura para a síndrome do olho seco.

No entanto, existem diversos métodos capazes de amenizar os sintomas desta síndrome, evitando a piora de seu quadro, ao mesmo tempo em que se promove uma significativa melhora no bem-estar do paciente.

Tratamento

De modo geral, pode-se dizer que não há um único tratamento a ser prescrito pelo médico oftalmologista ao tratar a síndrome dos olhos secos.

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Olho seco: uso de colírios
Fonte: https://asgeyehospital.com/dry-eye/

Neste sentido, o tratamento a ser prescrito dependerá, fundamentalmente, do estágio dos sintomas diagnosticados.

Podendo incluir o uso de colírios lubrificantes, cujas propriedades químicas muito se assemelham às nossas lágrimas naturais, assim como o uso de colírios anti-inflamatórios, suplementação de nutrientes como o ômega 3, além de procedimentos como a obstrução do ponto lacrimal (canal por meio do qual flui o filme lacrimal), o tratamento da síndrome dos olhos secos busca, primariamente:

  • Promover/desenvolver a produção espontânea do filme lacrimal;
  • Manter/conservar as lágrimas por um maior período de tempo no globo ocular; e
  • Suplementar a lubrificação de nossos olhos que nosso organismo não produz espontaneamente.

Além das medidas indicadas acima, medidas de prevenção se mostram muito úteis para evitar ou reduzir o agravamento de um quadro de síndrome do olho seco preexistente.

Entre elas, podemos mencionar:

  • Evitar a exposição prolongada aos raios de sol, assim como a ambientes com altos níveis de poeira e poluição no ar, sendo indicado o uso de acessórios que ofereçam proteção em tais situações, tais como óculos escuros;
  • Lembrar-se de piscar frequentemente e/ou lubrificar os olhos ao usar celulares, computadores e dispositivos afins por longos períodos de tempo;
  • Manter-se hidratado constantemente ao longo do dia;
  • Utilizar lentes de contato especializadas para pacientes que apresentem um quadro de disfunção lacrimal; e
  • Evitar a ingestão de alimentos que reduzem os níveis de produção lacrimal, tais como álcool ou cafeína.

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